sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Quem meu filho beija, minha boca adoça ...

Meus pais estão casados há 30 anos, meus avós foram separados pela morte e isso depois de 62 anos de CASADOS. Obviamente eu esperava o mesmo, mas não foi o que aconteceu...

Em algum momento o escopo original se perdeu, talvez imaturidade minha (tinha apenas 22 anos e nenhuma experiência de vida), talvez a diferença de idade (quase 15 anos), mas o final chegou em 2009, aliás, contei tudo o processo no blog, e após malas feitas e chaves entregues fui encaminhada ao novo mundo: Mãe solteira!

Leva um tempinho para você se habituar a nova condição, de senhora a senhoria novamente. Em um primeiro momento parece inverossímil começar um novo relacionamento, você até deseja mas a coisa parece distante de sua realidade e isso tem vários motivos:

Primeiro: você não lembra como se começa um “affer” (essa parte se resolve logo)

Segundo: você esta num parque de diversões e vai ficar só no carrossel?

Terceiro: não é mais só você, tem seu filho agora.

E se você for uma mãe extremamente cuidadosa (eufemismo para neurótica ) como eu , vai imaginar todo tipo de desastre que possa acontecer como punição ao fato de ter decidido voltar a vida social: Seu filho vai parar de respirar subitamente por você não estar por perto, vai cair da janela ou um tiranossauro rex vai aparecer para devora-lo quando você estiver tendo a audácia de divertir-se na noite!!!

E também tem os medos reais: e se o cara for uma má influência ou um pedófilo? Sim, eu tinha todos esses medos e com motivos embasados em todos os jornais e portais de notícias. Isso sem falar no que vão dizer sobre o crime de ser feliz , afinal você é uma SEPARADA e ainda por cima MÃE!! E sem contar todo o pré-conceito referente a começar relacionamentos com filhos de outras relações. Lembro de uma vez um conhecido dizer, antes mesmo do meu casamento:

- Bah , não posso levar a fulana a sério...

Eu: Mas por quê?

R: Ela já tem filho, daí complica....

Eu : Também acho que ela não deveria levar vocês a sério....

Ele: Por quê?

Eu: Porque você é idiota

Voltando ao assunto original, a vida passa, as coisas mudam ... E algum tempo depois comecei um novo relacionamento, e mais controverso: diferentemente do que eu desejava , ele não tinha filhos. Isso me deixou insegura sobre levar a frente ou não isto, afinal como eu conseguiria administrar tudo: filho, família, faculdade, trabalho e ainda namorado que não precisava dessa rotina complicada?

Nesse ponto devo dizer que o companheirismo e amizade dele foram de extrema importância. Partiu dele , todos os passos: inclusive conhecer a minha filha.

Isso foi realmente importante, afinal ela fazia parte de mim e não havia a opção não aceitar ou ignorar, ela estava ali e era (como ainda é) a coisa mais importante na minha vida. Naquele momento eu comecei a ter ideia da dimensão do sentimento que ele sentia por mim e a coisa foi só aumentando.

Já se passaram quase 02 anos e nesse meio tempo, tivemos que nos adaptar as rotinas de estarmos em uma relação com 03 pessoas. Meu namorado, que é filho único como eu, teve de aprender a me dividir com a Alícia, a entender que em alguns fins de semana faremos programas familiares e que não posso decidir nada de última hora, pois preciso definir toda dinâmica que envolve um filho: podemos levar juntos? Pode ficar na casa da avó?

E conforme as coisas vão acontecendo, tenho certeza, que um dia ele será um grande pai, independente de ser comigo ou não. Ele aprendeu a se doar e delimitar seu espaço na vida da minha filha, ele sabe que não é o pai, mas também não é apenas um conhecido. Me ajuda na educação dela, brinca, é didático e realmente dedicado. É lindo ver a forma como eles se relacionam, e como toda criança, minha princesinha reflete todo esse carinho em desenhos e brincadeiras. Hoje mesmo ela pediu a ele: Por favor!!! Me busca na escolinha?

Mesmo sendo um trabalho desnecessário, pegar BR-116 e atravessar a região metropolitana no horário de pico, sendo que tem uma Van que busca e leva todos os dias, é mais que uma prova de amor a mim, é caráter , é querer ver a alegria e euforia em uma menininha de 04 anos. Isso é coisa que apenas quem vai ser um bom pai faz, é doação!

E como diz o ditado: Quem meu filho beija, minha boca adoça ...

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