sábado, 25 de julho de 2009

Pensar comunicação na América Latina

Neste post trago minha visão sobre o artigo de Cris berger e complemento com outros autores como Barbero e Anibal

Logo ao iniciar o artigo, a autora esclarece que mais do que questões científicas, são as demandas políticas e sociais que impulsionam a produção de conhecimento em comunicação na América Latina. Portanto, tais estudos estão diretamente ligados ao contexto da época.
Neste artigo, Berger se propõe a contar a recente história da pesquisa em comunicação da América Latina, e para isso, identifica os centros de estudo, as publicações e os autores que iniciaram este campo de pesquisa.
Os primeiros estudos sobre o jornalismo vinculado à discussão sobre a liberdade de imprensa e legislação datam da década de 30. Em 1959 a Unesco, a OEA e o Equador criam o Ciespal, que oferece cursos de aperfeiçoamento para a comunicação em massa, quando se desenvolveu o modelo difusionista, instrumental, adotado para a comunicação ruralda América Latina. Em 1973, na Costa Rica, no primeiro seminário organizado por pesquisadores, o Ciespal foi avaliado e redirecionado, passa a se preocupar com a comunicação popular e pela pesquisa participante.
Na década de 60 os investidores norte-americanos se utilizam da televisão para marcar presença na Indústria Cultural. Em 1973, é criado o ININCO, que objetiva a pesquisa da comunicação social ou de massas, mas que aprofunda a dependência ao não questionar as novas tecnologias. Allende cria no Chile, em 1970, o CEREN – que pesquisa o domínio das multinacionais na comunicação –, mas que é dissolvido com o golpe militar. Alguns de seus membros criam o ILET, no México, que se transformou se transformou em principal difusora de alternativas para a democratização destes meios.
Segundo a autora, as revistas da época serviram como suporte das idéias destes pesquisadores. Destas, duas expressam a preocupação com a comunicação, com o papel dos intelectuais nos processos de transformação e marcam, claramente, a sua posição, a Comunicación y Cultura, ligada ao CEREN e a Lenguajes, da Associação Argentina de Semiótica.
O Ciespal publicou a Chasquí, que surgiu com o papel de discutir os currículos de comunicação para as escolas do local, além de divulgação de experiências nacionais e populares de comunicação. Já o ILET publicou por treze anos os Cuadernos del ILET, que alimentavam o debate sobre a comunicação, revelando o seu caráter militante.
Surgiram outras revistas, como Diálogos de la Comunicación, da Felafacs, Comunicación y Sociedad, da universidade de Guadalajara e Culturas Contemporâneas, da universidade de Colima. No Brasil, a Cátedra Unesco criou uma revista digital em 1999, a Pensamento Comunicacional Latino-Americano, vinculada à Universidade Metodista de São Bernardo.
Os fundadores da abordagem crítica da comunicação são apontados por Gómes Palacios em 1992 . Por ordem de influência teórica na região estão sucessivamente:
- Armand Mattelart, no Chile, coordena o CEREN e realiza a primeira pesquisa sobre multinacionais, que procurava identificar e compreender a campanha internacional contra o governo socialista;
- Antonio Pasquali, na Venezuela, fundador da escola de jornalismo e escreve a primeira antologia do curso que dá início à análise dos mecanismos de dependência cultural;
- Luis Ramiro Beltrán, na Colômbia, seu principal trabalho é o livro Comunicação dominada, a partir do qual busca identificar os mecanismos que transmitem a influência norte-americana;
- Eliseo Verón, na Argentina, apresenta em um seminário um texto de análise de imprensa, a partir de seu conceito de ideologia, comprova que é possível tornar aparente o que estava oculto, assim, se revoluciona a pesquisa semiótica;
- Paulo Freire, no Brasil, seu livro em destaque é Comunicação ou extensão, 1968, Chile, que critica os meios de comunicação de massa, por considerá-los meros instrumentos de transmissão e de tratarem os destinatários como se fossem receptores passivos, etc.
Em fins dos anos 70, preocupados em não apenas discutir por discutir, os estudiosos latino-americanos produzem documentos que visam fazer com que a informação fosse difundida desde o ponto de vista do local, e a democratização da informação acompanha a democracia política, além de projetos econômicos para a região.
A dominação cultural estrangeira é combatida com a cultura latino-americana, surgindo inúmeras experiências de inversão dos meios. Por trás desta mudança havia a ação de políticas nacionais de comunicação, que buscavam transformar o Estado e a política de comunicação popular – o que veio a transformar a pauta da teoria da comunicação, forçando o estudo da teoria da comunicação de massa a ser relacionado à realidade a qual pertence.
No final dos anos 80 já era grande a produção sobre os sistemas de comunicação e seu poder de manipulação ideológica, alguns ainda, tratavam de formas alternativas e populares de comunicação. A partir dos anos 90 as fronteiras do campo da comunicação já não são tão claras, o que se percebe é a necessidade de se revisar leituras e que se proponham novas teorias e métodos.
Segundo BARBERO , considerado o "formulador de questões" e o impulsionador da renovação deste campo, os pesquisadores estavam em um processo de construção de um novo modelo de análise, no qual cabia à cultura mediar de forma social e teórica a comunicação com o popular, com o cotidiano e com os meios.
Para concluir, é possível se utilizar das palavras de TAVARES quando trata da importância para o pesquisador de conhecer a si próprio para depois conhecer o outro. Este artigo nos possibilita isto, e desta forma dá subsídios para que se realize um bom trabalho de pesquisa em Ciências Sociais

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